PELA MANHÃ
Era um dia frio
o vendedor vendia
a mercadoria pelas ruas
cortova cabeças de peixe
com uma faca afiada
afastou as escamas
O sol deitou-se sobre os tehados
a névao arrasta-se pela noite
não se tinha ainda levantado completamente
e martelos batiam à porta da manhã
com golpes impetuosos, impetuosos
Um mendigo sentou-se
no chão contra a parede
gelado com um guilder
esculpido na mão
contraste lilás com o tijolo vermelho
teso e direito
O sol deitou-se sobre os tehados
a névao arrasta-se pela noite
não se tinha ainda levantado completamente
e martelos batiam à porta da manhã
com golpes impetuosos, impetuosos
Pilhadores de lojas
abrindo e pondo cá fora
bandeiras lavando janelas
beberam café e mais uma vez
esfregaram a soleira da porta
O sol deitou-se sobre os tehados
a névao arrasta-se pela noite
não se tinha ainda levantado completamente
e martelos batiam à porta da manhã
com golpes impetuosos, impetuosos.
© Tjitse Hofman, 1999
© translation
Carla Mirandes, 1999
original title: Per ochtend, from TV 2000, Passage
Publishing Company, Groningen, 1999