HOTEL INFERNO
Levei-me a mim mesmo
num certo estado
à recepção de um certo hotel
numa certa cidade
ninguém na recepção
a entrada vazia
aparte alguns tipos suspeitos
carreguei na campainha
com um rosto cansado o taxista
tinha largado a minha mala
tentei disfarçar o vómito
e apontei para o porteiro a correr
para o elevador, murmurei
"um quarto para mim e para a minha mala"
nenhum fim me tinha levado a este local
apenas a jornada me tinha trazido aqui
um hotel vazio numa rua desolada
sinais de néon que pisca com ar de miséria
putas exibindo-se num beco à frente
na gordurosa entrada de um clube de rua
as putas já não me chama
porque o meu amor deixou-me na noite anterior
queria apenas um pouco de esquecimento
de uma garrafa de de uísque barata
exagerando em mim mesmo o desalinho
num bar de hotel que cheira a mijo
cada vez mais me afundei no meu banco do bar
bebi muito com patranhas inúteis
vi a vida a fugir
e acordei
sem saber porquê
levantei-me, pequei na minha mala
e saí
sem rumo à volta do mundo.
© Bart FM Droog, 1998
© translation
Carla Mirandes, 1999
original title: Hotel Hel, from Deze dagen, Passage
Publishing Company, Groningen, 1998